Palvras como armas

No artigo ?Um Presidente Fraco? ( A Notícia, quinta-feira, 23/06/05) o jornalista J. Roberto Grassi traz ao palco político midiático alguns termos altamente impactantes. Como o título já indica, trata-se de um artigo crítico direcionado ao presidente Lula (nada de estranho quanto a isso). Mas o que chama atenção é o tom de revolta com que foi escrito, se valendo de termos que soam mais como uma incitação pública do que como um artigo jornalístico propriamente dito.
Nos parágrafos 4º e 5º, por exemplo, o jornalista demontra-se surpreso com a estabilização do prestígio do presidente mesmo com as graves denúncias contra o governo. Ele diz que tal fenômeno ?é algo incompreensível?, devido às sucessivas demonstrações de imcompetência que Lula, segundo ele, vem demonstrando ultimamente. No 7º parágrafo Grassi, generosamente nos indica uma fórmula de como julgar o presidente, dizendo: ?Ao julgá-lo, temos de considerar o fato de que Lula deixou de ser um verdadeiro trabalhador há cerca de 30 anos...?. E depois de outras pesadas críticas ?como a que diz que Lula viveu da ?exploração? do sindicato e, depois, da ?exploração? da política, quando ?ele? cria o PT-Grassi termina o artigo trazendo à tona a palavra mágica impeachment. Ele diz que Lula ?está sujeito, até, a um processo de impeachment, por haver se omitido quando teve conhecimento do mensalão? (fato que está sendo apurado e ainda carece de provas).
Não venho à esse espaço de observação político midiático fazer qualquer insinuação de golpe ou conspiração anti-Lula, tãopouco quero cegamente defender a já maculada imagem do nosso presidente. Apenas venho apontar o ressurgimento de um fenômeno natural (mas, nem por isso, lícito) em períodos de crise política: quando jornalistas vêm precipitadamente ao espaço público e fazem o papel de juíz de casos em pleno desenrolar dos acontecimenteos. Duvidar da credibilidade do presidente Lula no atual momento político é algo bem compreensível. Mas aproveitar-se desse momento para resgatar as mesmas críticas da época de eleição e acrescentar outras igualmente mal fundadas não parece ser uma atitude que esperamos da mídia e seus profissionais.

Tiago Luis Pereira

http://an.uol.com.br/2005/jun/23/0opi.htm