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terça-feira, junho 21, 2005

Cotidiano



Uma destilaria de combustível, localizada no estado do Mato Grosso, produz cerca de 30 milhões de litros de álcool por ano, tem 1200 funcionários, porém casualmente vem a perder alguns de seus compradores habituais diminuindo então suas vendas. Um fato que poderia ser dito normal. Poderia! Não fosse o fato destes 1200 trabalhadores serem escravos.
A fazenda Gameleira, localizada na cidade de Confessa, MT, assistiu na última sexta feira, 17 de junho, à maior operação de resgate de escravos ocorrida no país. Os funcionários viviam em condições subumanas, os alojamentos já estavam em sua lotação máxima e exalavam um odor insuportável. Subnutridos e em estado precário, quase todos de origem nordestina, foram atraídos à fazendo pela promessa de bons salários e perspectiva de carreira.
As empresas Ipiranga e Petrobrás pararam de comprar combustível da destilaria Gameleira assim que ela entrou para a 'lista suja' da cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil, uma pesquisa realizada pela organização não governamental Repórter Brasil. Alarmados pela decisão da Ipiranga e da Petrobrás, a Câmara dos Deputados quis saber o motivo para os negócios terem cessado e o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, telefonou para o sindicato dos distribuidores de combustível perguntando qual era o motivo que inviabilizava a comercialização do Álcool da Gameleira. A resposta foi que ainda haviam restrições sobre comercialização com as empresas da 'lista suja'. Segundo a agência 'Carta Maior', o deputado ainda teria ligado para a Ipiranga, perguntando o porquê de não comprarem mais o combustível em questão, isso cerca de meia hora depois da empresa ter dito que não iria mais comercializar com a destilaria.
Um ano antes, em discurso proferido à Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti disse: 'Ora, Senhoras e Senhores Deputados. Vamos parar de hipocrisia, de fingir que somos a França, os Estados Unidos ou a Alemanha e que podemos copiar as suas avançadas legislações trabalhistas. Não vamos resolver os problemas do campo e do desemprego ameaçando produtores e fazendeiros com o confisco de terras no caso das muitas e controversas versões de trabalho escravo'

Veja na íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=3172&cd_editoria=004&coluna=reportagens

Vivemos em um país cuja escravatura foi abolida a mais de um século. É infame à reputação do Brasil ainda hoje ter esse tipo de trabalho, tratar cidadãos como se trata aos animais. E pode ser dita no mínimo como duvidosa a aceitação desse tipo de ação pelo povo, ou ainda, a aceitação do trabalho forçado por um representante do povo. Creio que o discurso do deputado Severino Cavalcanti seja incoerente com a realidade do país e merecedor de uma reavaliação de conceitos pelo deputado. E acima de tudo, torço para que não haja repercussão de um ideal tão desmerecedor de nossas atenções como o ideal da não liberdade.

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