Cotidiano
Uma destilaria de combustível, localizada no estado do Mato Grosso, produz cerca de 30 milhões de litros de álcool por ano, tem 1200 funcionários, porém casualmente vem a perder alguns de seus compradores habituais diminuindo então suas vendas. Um fato que poderia ser dito normal. Poderia! Não fosse o fato destes 1200 trabalhadores serem escravos.
A fazenda Gameleira, localizada na cidade de Confessa, MT, assistiu na última sexta feira, 17 de junho, à maior operação de resgate de escravos ocorrida no país. Os funcionários viviam em condições subumanas, os alojamentos já estavam em sua lotação máxima e exalavam um odor insuportável. Subnutridos e em estado precário, quase todos de origem nordestina, foram atraídos à fazendo pela promessa de bons salários e perspectiva de carreira.
As empresas Ipiranga e Petrobrás pararam de comprar combustível da destilaria Gameleira assim que ela entrou para a 'lista suja' da cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil, uma pesquisa realizada pela organização não governamental Repórter Brasil. Alarmados pela decisão da Ipiranga e da Petrobrás, a Câmara dos Deputados quis saber o motivo para os negócios terem cessado e o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, telefonou para o sindicato dos distribuidores de combustível perguntando qual era o motivo que inviabilizava a comercialização do Álcool da Gameleira. A resposta foi que ainda haviam restrições sobre comercialização com as empresas da 'lista suja'. Segundo a agência 'Carta Maior', o deputado ainda teria ligado para a Ipiranga, perguntando o porquê de não comprarem mais o combustível em questão, isso cerca de meia hora depois da empresa ter dito que não iria mais comercializar com a destilaria.
Um ano antes, em discurso proferido à Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti disse: 'Ora, Senhoras e Senhores Deputados. Vamos parar de hipocrisia, de fingir que somos a França, os Estados Unidos ou a Alemanha e que podemos copiar as suas avançadas legislações trabalhistas. Não vamos resolver os problemas do campo e do desemprego ameaçando produtores e fazendeiros com o confisco de terras no caso das muitas e controversas versões de trabalho escravo'
Veja na íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=3172&cd_editoria=004&coluna=reportagens
Vivemos em um país cuja escravatura foi abolida a mais de um século. É infame à reputação do Brasil ainda hoje ter esse tipo de trabalho, tratar cidadãos como se trata aos animais. E pode ser dita no mínimo como duvidosa a aceitação desse tipo de ação pelo povo, ou ainda, a aceitação do trabalho forçado por um representante do povo. Creio que o discurso do deputado Severino Cavalcanti seja incoerente com a realidade do país e merecedor de uma reavaliação de conceitos pelo deputado. E acima de tudo, torço para que não haja repercussão de um ideal tão desmerecedor de nossas atenções como o ideal da não liberdade.
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